terça-feira, 12 de março de 2013

75 - Passarinho

Mario Quintana morreu em 1994. Eu tinha 12 anos na época.

Lembro até hoje do dia que anunciaram sua morte no Jornal Nacional. Uma de suas poesias, citadas na matéria, ficou na minha cabeça. O "Poeminho do Contra".

Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!

Eu não entendi. Poesia era algo muito complicado para mim. Como assim, "eu passarinho"?!?

Tentei interpretar de maneira cartesiana - e hoje fico espantado ao perceber que crianças de doze anos estão pensando cartesianamente - e não cheguei a lugar algum. Não fui feliz.

E, hoje, passados 18 anos do episódio, eu sou capaz de compreender o "poeminho". Não de interpretá-lo, sim compreendê-lo. Não há nada mais preciso do que afirmar que "não fui feliz" ao não entender o poema.
Ao contrário, ao entendê-lo - o entendimento da poesia, vá muito além da mera interpretação - "fui feliz".

E mais feliz ainda sou por perceber que com 30 sou mais sensível do que com 12.

--

Daquilo, nasceu isso:

Com 12 tentei Quintana entender 
Mas não entendi
Com 30 pude perceber
Quanto tempo eu perdi

Nenhum comentário: