segunda-feira, 26 de outubro de 2015

108 - Não tem nada mais interessante

Acompanho as redes sociais - Instagram, Snapchat, Facebook - de maneira incidental. Namorada, mãe, irmã... Elas estão sempre ligadas nas redes.

Tudo isso para dizer que conheci a Gabriela Pugliesi. Fala-se muito dela. Comenta-se a respeito de seus namorados, de sua barriga, dos seus jabás, sobre quase tudo. Mas nunca vi comentarem sobre nada interessante que tenha dito.

Sempre a vejo de biquini, a maioria das vezes na academia. Hoje vejo a chamada na abertura do Globo.com: "Prestes a completar 30, Pugliesi mostra corpo sarado em biquini da moda". Essa manchete, sem tirar sequer uma palavra, caberia perfeitamente em um esquete irônico ou sarcástico sobre a futilidade da dita cuja. Mas é vida real.

E aí está ela, chegando aos 30 tendo que mostrar o corpo sarado em um biquini da moda. Porque não tem nada a dizer.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

107

Botox é o artifício da mulher covarde,
que pouco tem a oferecer além da beleza.

Mulher que se garante, passa longe do botox.


quinta-feira, 23 de abril de 2015

106

O vizinho veio reclamar que a música estava alta, pediu pra baixar.

Pedi desculpa, fechei a porta e me questionei os motivos de não ter mandado o vizinho tomar no olho do cu. Excesso de civilidade.

Estava ouvindo um show gravado em 1957 no Carnegie Hall em Nova York. O encontro entre um dos maiores pianistas de todos os tempos, Thelonious Monk, com seu quarteto, e o maior saxofonistas de todos os tempos, John Coltrane.

A melodia causou ruído na novela.

Vou colocar um fone de ouvido a próxima vez que ouvir um pancadão sertanejo vindo do lado de lá.

105

O ouvido é um órgão tátil.

quinta-feira, 26 de março de 2015

quarta-feira, 25 de março de 2015

104 - esquece

Era um pacto silencioso, tratado com ele mesmo. Só ficaria com outra se fosse mais feia do que ela. Mais gorda, mais nariguda, a pele marcada pela acne... Não poderia haver dúvidas, não havia espaço pro "será?". Ou era mais feia e estava apta, ou não existiria a possibilidade do envolvimento carnal. As peles não deveriam se tocar. Sequer haveria a possibilidade do envolvimento, qualquer envolvimento. O mero envolvimento como ponto final. Não haveria o porquê do envolvimento como uma fêmea, se o ponto final não fosse a conjunção carnal.

Esse tipo de envolvimento era, para ele, meramente fisiológico, como urinar ou suar. Era como se fosse algo virtual, mas real. Solitário, mas na companhia de alguém.

Não passava pela cabeça dele sacanear a mulher que amava, a futura mãe de seus filhos. Se ele não fosse fiel a ela, a quem seria?

Mas houve o dia, aconteceu. Ele sentiu pena. Tão acostumado a sentir tesão nessas ocasiões - ou vontade de sumir, dependendo do momento -, ele sentiu pena. Não era apego, não era carinho, não era vontade, não era "quero mais". Era a mais pura e triste pena. Mas, sem dúvida, era um sentimento que não deveria estar ali.

Quase que automaticamente, pensou que talvez nem fosse mais feia do que ela.

Isso o deixou mal. Era hora de reassumir o controle da situação. Vestiu a roupa, escovou bem os dentes - o seu ritual de purificação - e foi indo embora, deixando o dinheiro do táxi sobre a caixa de um monstruoso vibrador e a espera dos impropérios libertadores. Era quando xingado que se sentia bem. O grito de canalha escancarava que ele era homem de uma mulher só, apenas ela era digna de seu amor e de sua retidão moral.

Mas dessa vez não houve nada. Nem uma sílaba. Sequer gemido, vogal ou onomatopeia. Apenas o silêncio. Silêncio. Silêncio. Silêncio. Silêncio. E com o silêncio ele não podia.

Olhou-a de novo. O queixo entre os joelhos. Fez a imagem de uma palestina em Gaza. Nua, a pele branca e os olhos azuis. Os seios naturais, firmes e rosados, tiravam o foco da barriguinha firme e saliente, que bem combinavam com suas bochechinhas rosadas e quentes.

Olhou-a de novo.

O pacto fora rompido, e ele não percebeu.

Caiu na besteira de perguntar, e foi o que traçou o destino dos dois, pelo resto das suas vidas.

- O que foi?

- Nada, esquece.

Um homem nunca esquece.

segunda-feira, 16 de março de 2015

103

- Ei, olha la!
- Onde?
- Ali!
- O quê?
- A Grazi!
- Que Grazi?
- A Massafera!
- Que massa, fera.

102

Falta força
falta vontade
falta inspiração

inspiro, ação

101

Todo dia
dia a dia
dia após dia
dia a dia
dia todO

100

Nunca é cedo
para
acordar tarde

99

Se der chuva vou pro bar
se der sol vou pro mar
 se der preguiça vou roncar
se der certo, vou te amar

98

Pra que tanto rivotril?
se ainda há a puta que o pariu

97

Às vezes penso que penso demais