segunda-feira, 18 de março de 2013

78

Gosto de falar sobre política, afinal, acredito que tudo é política. Somos seres políticos, não somos? Escolher falar sobre política, e não sobre a novela, é um ato político.

Mas ao falar da política partidária, evito fazer críticas a qualquer partido. Hoje a estrutura político partidária brasileira está bipolarizada. De um lado PT, do outro PSDB. E o PMDB ao lado de quem está no poder.
Durante um debate, ao, por exemplo, criticar o PT, implicitamente você está simpático ao PSDB, mesmo que não esteja. O seu interlocutor assim o entenderá. E, ser simpático a qualquer partido político, é algo que recuso.

Digo isso após, por acaso, ler sobre uma manifestação política nas Filipinas. Lá estudantes atearam fogo em uma universidade porque uma aluna havia se suicidado após ser expulsa da faculdade por inadimplemento. Os alunos ainda denunciaram os preços abusivos das mensalidades.

Os protestos são interessantes, pois são muito parecidos em quase todo o mundo. As pessoas aguentam toda a opressão de maneira passiva por longos períodos de tempo. Chega um ponto em que a paciência e a boa vontade acabam, e aí as pessoas ficam revoltadas e explodem. Saem às ruas, quebram vidraças, ateiam fogo - um momento anárquico. Mas esse momento acaba quando a polícia aparece e repreende de maneira dura os desordeiros. Balas de borracha, bombas de efeito moral , gás lacrimogênio e outras "munições menos letais" são usadas para temperar o caos e trazer de volta a ordem. Basta uma borrachada para o manifestante cair na real e se dar conta de que ele não pode fazer nada contra a força opressiva do Estado.
Se não for preso, o coitado volta pra casa para viver a sua vidinha. Até a próxima explosão.

Alguns outros protestos, são mais interessantes. Mais inteligentes. Mas só poderão existir se passarem pelo crivo do Estado.

Marcha da Maconha pode. O STF mandou avisar que marcha da maconha pode. Antes não podia. E muito maconheiro apanhou da polícia e foi preso. Mas no ano seguinte eles estavam lá. Com mais e melhores argumentos. Tomavam mais borrachadas, mas não desistiam, voltavam maiores e mais fortes. E, hoje, ninguém duvida que em breve terão o seu sagrado direito de fumar admitido pelo mesmo Estado que os espancava  até bem pouco tempo.

Enquanto o povo esperar passivamente a "explosão" para partir para ação, o Estado virá com mais borracha.

--

E por que eu não gosto de parecer simpático ao partido A ou B? Porque são eles que puxam o gatilho.

Quando o povo pede democracia, o Estado oferece pimenta.



terça-feira, 12 de março de 2013

77

Uma frase pesada:

- Sabe quando tentam linchar alguém? É porque merece.

76 - Mundo Surreal

Mundo surreal esse que vivemos.

O cara participa, pela segunda vez, do BBB. Lá dentro da casa ele fica com uma garota. Ele é eliminado, ela não. Ela é indicada ao paredão e a família vai ao Rio de Janeiro para o paredão. O cara convida os pais da garota para almoçar - imagine o papo.

E o surreal?

Isso vira notícia.

75 - Passarinho

Mario Quintana morreu em 1994. Eu tinha 12 anos na época.

Lembro até hoje do dia que anunciaram sua morte no Jornal Nacional. Uma de suas poesias, citadas na matéria, ficou na minha cabeça. O "Poeminho do Contra".

Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!

Eu não entendi. Poesia era algo muito complicado para mim. Como assim, "eu passarinho"?!?

Tentei interpretar de maneira cartesiana - e hoje fico espantado ao perceber que crianças de doze anos estão pensando cartesianamente - e não cheguei a lugar algum. Não fui feliz.

E, hoje, passados 18 anos do episódio, eu sou capaz de compreender o "poeminho". Não de interpretá-lo, sim compreendê-lo. Não há nada mais preciso do que afirmar que "não fui feliz" ao não entender o poema.
Ao contrário, ao entendê-lo - o entendimento da poesia, vá muito além da mera interpretação - "fui feliz".

E mais feliz ainda sou por perceber que com 30 sou mais sensível do que com 12.

--

Daquilo, nasceu isso:

Com 12 tentei Quintana entender 
Mas não entendi
Com 30 pude perceber
Quanto tempo eu perdi

74 - onírico

Não tenho muitas posses, mas tenho muitos sonhos.

As posses são úteis. Os sonhos não.

Um carro veloz tem muita utilidade. É capaz de percorrer longas distâncias em pouco tempo.
Uma televisão com uma grande tela é utilíssima. Transmite filmes, novelas, outras atrações e muito entretenimento.
Um sapato de couro de jacaré também tem sua utilidade. Combina finamente com ternos italianos.
Uma panela é útil para cozinhar.
Um martelo é útil para pregar.
Uma cadeira é útil para sentar.

Os sonhos são inúteis. Esses, tenho muitos.

Os sonhos não estão relacionados ao ter. Os meus sonhos são o que sou. Quando sonho, sou um sonhador - e, nada contra burocratas úteis calçando sapatos de couro de jacaré e trajando ternos italianos, eu sou muito mais os sonhadores.

Os sonhadores com seus sonhos sonham o sonho do mundo.

Enquanto Ghandi sonhou com a revolução através da verdade e da não violência, e Lennon sonhou com a paz na Terra, eu tenho sonhos mais modestos. Sonho em ser acordado por um passarinho. Ver o verde vencer o cinza. Sentir cheiro de terra molhada sempre que chove.

Sonho com as pessoas vendendo posses e comprando sonhos. Porque, quando compramos sonhos, somos, enfim, ricos.

As posses são úteis. Os sonhos, imortais.

sexta-feira, 1 de março de 2013

73

A onipresença das tais redes sociais faz com que eu chegue a uma conclusão:

- Não basta ser, há de parecer ser.

Se somos, não basta. Precisamos ser percebidos como tal. Muitas vezes caímos na armadilha de, na ânsia do "parecer ser", criar um personagem diferente do que somos. Aquém do que somos, além do que queríamos ser.

Eu ainda fico com a máxima de Nietzsche:

- Torna-te quem tu és.