Quinhentos e trinta e sete amigos. Não era pouca coisa, logo a decisão não era fácil. Tudo bem que o facebook não tem muito critério. Conhecido, colega, parceiro, camarada, parente, professor, sogra e até ex-amigo. Pro facebook não tem erro, vira tudo amigo.
Não era algo que eu pudesse fazer sem pensar.
Meu suicídio virtual poderia fazer com que eu jamais voltasse a ver as fotos dos pratos que a minha prima de terceiro grau que eu não vejo desde 1993 - e não sinto falta - preparava.
Talvez eu nunca mais tivesse a inspiração dos momentos de sabedoria do Louro José que a minha ex-vizinha da casa de praia, vendida em 1998, adorava compartilhar.
Eu provavelmente não iria mais me deparar com a clara realidade de que, sim, minha ex-namorada é uma garota fútil.
A ausência do facebook certamente iria me impedir de participar dos entusiasmantes protestos virtuais. Eu ficaria de mãos atadas e nada poderia fazer pelos monges da Birmânia, pelos cachorros maltratados. A primavera árabe, definitivamente, perderia um guerreiro.
O suicídio virtual era uma opção extrema, uma fuga. Eu não podia me precipitar. Tinha muito que pensar.
E pensei.
E morri.
E hoje, vivo muito melhor.
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
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